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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Diversidade genética das bactérias, vacinação e Medicina

                “A vida é algo que se come, que se ama ou que é letal.”
James E. Lovelock

    Seguindo o modelo darwinista, todos os seres vivos do planeta continuam evoluindo para se manterem vivos. Com as bactérias não é diferente. E as vacinas e medicamentos precisam acompanhar essa evolução. Por exemplo, a vacina que combate a gripe precisa ser modificada anualmente, pois no próximo ano o vírus terá se modificado tanto, que a vacina será ineficaz, entretanto bactérias taxonomicamente diferentes podem trocar genes, isto é, bactérias causadoras de doenças variadas, podem trocar seu material genético entre si.
    Um jeito mais simples de explicar a troca de material genético bacteriano segundo Lynn Margulis e Dorion Sagan seria “imaginar que, num barzinho, você esbarre num sujeito de cabelos verdes. Ao fazê-lo, adquire essa parte de sua dotação genética, talvez com mais alguns outros itens novos. Não só você agora poderá transmitir o gene dos cabelos verdes a seus filhos, como sairá do bar com o cabelo dessa cor. As bactérias entregam-se o tempo todo a esse tipo de aquisição rápida e informal de genes.[1] E é exatamente essa troca incessante de genes, que transforma as bactérias, em pouco tempo, imunes a certas substancias como aconteceu com a penicilina. Na época em que esta foi descoberta, fazia efeito contra praticamente todas as bactérias, hoje, a sua grande maioria, é imune, graças a troca de material genético e a seleção natural, que eliminava as bactérias não imunes a esta.[2]
    Segundo uma pesquisa realizada por quatro acadêmicos americanos, cujo titulo é “O Legado persistente do vírus influenza de 1918” e publicado no The New England Journal of Medicine, afirma que o vírus A(H1N1), é uma descendência direta do vírus que provocou a gripe espanhola de 1918. E que ao longo das décadas, o vírus foi repassado entre seres humanos e animais, durante este processo evolutivo o vírus passou a matar menos pessoas. Segundo o diretor do Instituto Emilio Ribas, a menor taxa de mortalidade do vírus é uma combinação entre os progressos da medicina e as mutações genéticas do influenza.[3] Entretanto, do mesmo modo que as mutações podem transformar o vírus em algo menos letal, elas também podem fazer com que o vírus se torne resistentes as drogas. E muito rapidamente. Em Cingapura, por exemplo, o vírus que contaminou uma mulher, sofreu uma mutação que o deixou resistente ao Tamiflu, principal droga usada para o combate á doença, e, segundo dados da Agência para a Ciência, Pesquisa e Tecnologia de Cingapura, a resistência ao Tamiflu se desenvolveu em apenas dois dias.[4]
    E não existe nenhum sinal de que as mutações bacterianas um dia cessem.  Muito pelo contrario, elas tendem a aumentar, devido a maior quantidade de ramificações dentro das doenças, que são criadas diariamente, o que significa uma maior diversidade genética.[5] Segundo Ian Barr, do Centro Colaborativo da Organização Mundial da Saúde (OMS) para Referência e Pesquisa sobre Influenza, é possível que esta nova cepa criada, seja mais letal e ainda capaz de infectar pessoas já vacinadas e que embora as mudanças não sejam significativas, houveram casos de pessoas vacinadas que se infectaram, e também algumas mortes. O que poderia exigir uma atualização na vacina.[6]
    O que é certo, é que vivemos uma “corrida” contra as bactérias. Em alguns momentos estamos na frente, com vacinas e drogas que sejam eficazes contra elas, e em outros momentos elas estão na nossa frente, se tornando imunes e algumas vezes mais letais. E assim como não existe droga infalível, não existe e nem nunca existirá um vírus invencível, imune a tudo e a todos. Pelo menos não durante muito tempo. Pois embora pareça que bactérias super poderosas estão muito perto de serem formadas, vacinas e drogas que a combatam também estão igualmente próximas. Já que como diz o ditado popular, para todo problema, existe sempre uma solução.


                                                                                                                              Caio Santin




Troca genética entre bactérias
    








Bibliografia:

[1] - “O que é vida?” – Lynn Margulis & Dorion Sagan.  Capítulo 04; Página 106. Editora: Jorge Zahar. – Transmissão de material genético entre as bactérias.

Webgrafia:




[5]- http://noticias.uol.com.br/ultnot/internacional/2009/04/28/ult1859u924.jhtm  - Diversidade Genética entre os vírus. Relação gripe espanhola – gripe suína. 30/09/2010

[6]- http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI4747139-EI294,00.html - Vírus da gripe suína tem nova cepa. 21/10/2010


Imagens:


http://www.ucm.es/info/genetica/grupod/Recoproc/CONJU1.BMP - Troca genética entre bactérias.


http://www.leoquintino.com.br/media/a/charge-gripe-suina-comida.jpg - Charge

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